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Prevalência e fatores de risco associados à doença arterial periférica no projeto corações do Brasil

Resumos

FUNDAMENTO: A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) está associada ao maior índice de risco cardiovascular. No Brasil, faltam dados sobre sua prevalência e fatores de risco. OBJETIVO: Avaliar prevalência e fatores de risco associados à DAOP nas cidades brasileiras com > cem mil habitantes. MÉTODOS: Estudo transversal, multicêntrico, que avaliou 1.170 indivíduos (>18 anos), em 72 centros urbanos, participantes do Projeto Corações do Brasil. O diagnóstico de DAOP baseou-se na medida do índice tornozelo-braquial (ITB) < 0,90. A análise estatística utilizou teste Qui-quadrado (Pearson) corrigido para amostras complexas e intervalos de confiança. P < 0,05 foi considerado significativo. RESULTADOS: A prevalência de DAOP foi de 10,5% e apenas 9% dos portadores da doença apresentaram claudicação. A DAOP esteve associada à presença de diabetes, obesidade total e abdominal, acidente vascular cerebral (AVC) e doença isquêmica do coração (DIC). Houve tendência a maior prevalência de DAOP na presença de hipertensão, insuficiência cardíaca, insuficiência renal dialítica e tabagismo >20 anos/maço. Mulheres coronariopatas apresentaram risco 4,9 vezes maior de ter DAOP, do que aquelas sem coronariopatia e, entre homens diabéticos, o risco de DAOP foi 6,6 maior em comparação aos não diabéticos. CONCLUSÃO: A prevalência de DAOP foi elevada, considerando-se a baixa média de idade da população avaliada (44±14,7 anos). A minoria dos portadores apresentava claudicação, o que denota o grande contingente de indivíduos assintomáticos. Os fatores mais fortemente associados à doença foram diabetes, obesidade, AVC e DIC. Os autores concluíram que a medida do ITB deve ser considerada na avaliação de pacientes de moderado e alto risco cardiovascular.

arteriopatias oclusivas; prevalência; fatores de risco; Brasil; claudicação intermitente


BACKGROUND: Peripheral arterial disease (PAD) is associated with increased cardiovascular risk. In Brazil, data on PAD prevalence and risk factors are scarce. OBJECTIVE: To assess prevalence and risk factors related to PAD in Brazilian urban centers with more than 100,000 inhabitants. METHODS: National, multicenter, cross-sectional study of 1,170 individuals (>18 years), from 72 major Brazilian urban centers participating in the "Hearts of Brazil Project". PAD diagnosis was based on ankle-brachial index (ABI) < 0.90. The statistical analysis used the corrected Chi-square (Pearson) test for complex samples and confidence intervals. P< 0.05 was considered statitically significant. RESULTS: PAD prevalence was 10.5%. Intermittent claudication (IC) was present in only 9% of PAD patients. A significant association was found between PAD and the following factors: diabetes, total and abdominal obesity, stroke and ischemic heart disease (IHD). There was a trend of higher PAD prevalence among individuals with hypertension, heart failure, chronic renal failure on dialysis, as well as those who had smoked over 20 pack-years. For females, presence of IHD was associated with a 4.9-fold greater risk of PAD. Among males, a 6.6-fold increased risk of PAD was found for diabetic in comparison to non-diabetic individuals. CONCLUSION: PAD prevalence was markedly high, considering the low mean age of the studied population (44±14.7 yrs). IC was detected in a minority of PAD subjects, indicating a considerable number of asymptomatic individuals. Diabetes, obesity, stroke and IHD were the stronger predictors of PAD. The authors concluded that ABI measurement should be considered in the evaluation of moderate to high cardiovascular risk patients.

Arterial occlusive diseases; prevalence; risk factors; Brazil; intermittent claudication


ARTIGO ORIGINAL

EPIDEMIOLOGIA

Prevalência e fatores de risco associados à doença arterial periférica no projeto corações do Brasil

Marcia MakdisseI, II; Alexandre da Costa PereiraIII; David de Pádua BrasilIV; Jairo Lins BorgesV; George Luiz Lins Machado-CoelhoVI; José Eduardo KriegerIII; Raimundo Marques Nascimento NetoVI; Antonio Carlos Palandri ChagasIII; representando os investigadores do Projeto Corações do Brasil e do Comitê de Doença Arterial Periférica da Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC/Funcor

IHospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Brasil

IIUniversidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP - Brasil

IIIInstituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor USP), São Paulo, SP - Brasil

IVFaculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG - Brasil

VInstituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP - Brasil

VIDepartamento de Ciências Médicas da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG - Brasil

Correspondência Correspondência: Marcia Makdisse Rua Dr. Franco da Rocha 205 / 51, Perdizes 05015-040 - São Paulo, SP, Brasil. E-mail: mmakdisse@einstein.br, mmakdisse@yahoo.com, mmakdisse@cardiol.br

RESUMO

FUNDAMENTO: A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) está associada ao maior índice de risco cardiovascular. No Brasil, faltam dados sobre sua prevalência e fatores de risco.

OBJETIVO: Avaliar prevalência e fatores de risco associados à DAOP nas cidades brasileiras com > cem mil habitantes.

MÉTODOS: Estudo transversal, multicêntrico, que avaliou 1.170 indivíduos (>18 anos), em 72 centros urbanos, participantes do Projeto Corações do Brasil. O diagnóstico de DAOP baseou-se na medida do índice tornozelo-braquial (ITB) < 0,90. A análise estatística utilizou teste Qui-quadrado (Pearson) corrigido para amostras complexas e intervalos de confiança. P < 0,05 foi considerado significativo.

RESULTADOS: A prevalência de DAOP foi de 10,5% e apenas 9% dos portadores da doença apresentaram claudicação. A DAOP esteve associada à presença de diabetes, obesidade total e abdominal, acidente vascular cerebral (AVC) e doença isquêmica do coração (DIC). Houve tendência a maior prevalência de DAOP na presença de hipertensão, insuficiência cardíaca, insuficiência renal dialítica e tabagismo >20 anos/maço. Mulheres coronariopatas apresentaram risco 4,9 vezes maior de ter DAOP, do que aquelas sem coronariopatia e, entre homens diabéticos, o risco de DAOP foi 6,6 maior em comparação aos não diabéticos.

CONCLUSÃO: A prevalência de DAOP foi elevada, considerando-se a baixa média de idade da população avaliada (44±14,7 anos). A minoria dos portadores apresentava claudicação, o que denota o grande contingente de indivíduos assintomáticos. Os fatores mais fortemente associados à doença foram diabetes, obesidade, AVC e DIC. Os autores concluíram que a medida do ITB deve ser considerada na avaliação de pacientes de moderado e alto risco cardiovascular.

Palavras-chave: arteriopatias oclusivas, prevalência, fatores de risco, Brasil, claudicação intermitente.

Introdução

Estima-se em 27 milhões o número de portadores de doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) na Europa e na América do Norte1. Esse número pode estar subestimado, já que a maioria dos pacientes é assintomática ou não apresenta o sintoma clássico da doença, a claudicação intermitente2.

A DAOP, tanto sintomática quanto assintomática, está associada à doença arterial obstrutiva em outros leitos vasculares (coronariano, cerebral, carotídeo) e, por conseguinte, ao maior risco de eventos cardiovasculares (morte, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral), na ordem de 4 a 6% ao ano, em portadores da doença3-5.

O rastreamento da DAOP assintomática, por meio do índice tornozelo-braquial (ITB), tem se tornado um importante aliado na estratificação do risco cardiovascular, especialmente nos pacientes de risco intermediário6-7.

No Brasil, os dados relacionados à prevalência de DAOP e seus fatores de risco são escassos e restritos a populações específicas, praticamente todos realizados na Região Sudeste do país. Dentre eles, destacam-se dois estudos de base populacional: O Projeto Bambuí, que avaliou 1.485 idosos (> 65 anos) residentes em Bambuí (Minas Gerais), e demonstrou prevalência de 2,5% de claudicação intermitente8 e o Estudo Epidoso, que avaliou por meio do ITB, 176 idosos (> 75 anos) residentes na cidade de São Paulo e encontrou prevalência de 36,4% de DAOP9. Um estudo mais recente, também realizado em Minas Gerais, encontrou 37,5% de DAOP entre portadores de doença renal crônica pré-dialítica10.

Diante do exposto, o objetivo primário desse estudo foi avaliar, por meio do ITB, a prevalência de DAOP sintomática e assintomática em amostra populacional proporcional, proveniente de 72 centros urbanos brasileiros com população superior a cem mil habitantes. O objetivo secundário foi correlacionar o diagnóstico da DAOP a diversas variáveis sócio-demográficas, presença de fatores de risco cardiovascular e presença de co-morbidades.

Métodos

Desenho do estudo

Estudo de corte transversal, observacional, multicêntrico.

População

A pesquisa se restringiu ao conjunto dos habitantes das cidades brasileiras com mais de cem mil habitantes em 2004, com idade > 18 anos.

Plano amostral

Trata-se de amostra estratificada, com amostragem bietápica, calculada em 2.500 entrevistas, distribuídas nas Regiões proporcionalmente ao número de habitantes, por sexo e faixa etária, com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram escolhidas 72 cidades nas cinco regiões. O tamanho mínimo de amostra foi fixado em 15 para cidades menores, e em até quatrocentos para a cidade de São Paulo. Nas cidades selecionadas, os "domicílios" constituíram as unidades de segundo estágio, com uma entrevista em cada domicílio.

A escolha do indivíduo ocorreu em três estágios. Nas cidades, foram selecionados os setores censitários. Nos setores, foi eleita uma rua e, seguindo-se regras de aleatorização (início aleatório e intervalo fixo de 10 domicílios), foi escolhido o domicílio. O entrevistado foi selecionado com base em critérios pré-definidos (data de aniversário mais próxima à da entrevista), respeitando-se a estratificação por sexo e idade. Caso não estivesse presente no primeiro contato, poderia ser amostrado em duas visitas subseqüentes em outra data, pelo mesmo entrevistador. Os entrevistados foram convidados a comparecer a uma consulta médica em dia apropriado. O planejamento previu de 7 a 8 entrevistas por setor censitário, caracterizando um terceiro estágio no plano amostral.

Amostra observada

De um total de 2.520 entrevistas domiciliares, 1.134 pessoas compareceram para os exames médicos. O número de pessoas avaliadas não acompanhou o mesmo número da amostra domiciliar, e algumas cidades não tiveram voluntários para a segunda etapa. Conseqüentemente, uma amostra suplementar foi realizada, com 498 entrevistas telefônicas, em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Florianópolis. Nestas cidades, 141 pessoas compareceram para realização de exames médicos. Duas cidades - Manaus e Vitória - foram desconsideradas das análises dos fatores de risco por terem apenas uma pessoa nessa amostra. A amostra com medida de ITB e informações dos fatores de risco foi de 1.170 indivíduos.

O Projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa do Instituto de Hipertensão Arterial de Minas Gerais e, por orientação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), foi submetido e aprovado pelo Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), que atuou facilitando o contato dos pesquisadores de campo com os Secretários Municipais de Saúde. Todos os participantes assinaram termo de consentimento esclarecido.

Coleta de dados

A coleta ocorreu em duas etapas. A primeira, iniciada em julho/2004, foi realizada por profissionais do Instituto de Pesquisa Vox Populi que aplicaram questionários estruturados em entrevista domiciliar. Na segunda etapa, realizou-se uma consulta médica padronizada, com questionários médicos, exame clínico, medidas de pressão arterial, antropometria, ITB e coleta de material biológico.

Rastreamento da DAOP

O rastreamento da DAOP foi realizado através do ITB, medido em repouso na posição supina, com Doppler vascular portátil (MEDPEJ DV-2001, 10 MHZ) e esfigmomanômetro. O manguito foi selecionado com base na circunferência braquial (CB) direita, medida no ponto médio entre o acrômio e o olécrano: CB < 25 cm (pequeno porte), CB 25-32 cm (médio porte), CB 32-42 cm (grande porte) e CB > 42 cm (coxa). Para padronizar a técnica de medida do ITB, ao menos um pesquisador de cada centro (médico e/ou enfermeira) foi treinado em oficinas de ITB, coordenadas pela autora principal. As pressões sistólicas foram medidas duas vezes em cada artéria, nos braços (artérias braquiais) e tornozelos (artérias pediosas e tibiais posteriores). A pressão registrada para cada artéria foi a média das duas medidas, desde que a diferença entre elas fosse < 6 mmHg; do contrário, realizava-se outro par de medidas. Para o cálculo do ITB, utilizou-se a maior pressão sistólica do tornozelo (pediosa média ou tibial posterior média) dividida pela maior pressão dos braços (braquial direita ou esquerda média), sendo calculado um valor de ITB para cada membro inferior11.

Valores de ITB < 0,90 em um ou em ambos os membros inferiores, foram considerados diagnósticos de DAOP. Ausência de DAOP foi definida como níveis de ITB de 0,91 a 1,40, na ausência de revascularização arterial de membros inferiores. Valores de ITB > 1,40 foram excluídos da análise, pois não definem o diagnóstico de DAOP.

Rastreamento de claudicação intermitente

A presença de claudicação intermitente foi definida pelos critérios do Questionário de Claudicação de Edimburgo, validado para o português12.

Definição de anormalidades dos pulsos dos tornozelos

A palpação dos pulsos dos tornozelos foi realizada nas artérias pediosas e tibiais posteriores, bilateralmente, e classificados em presentes ou ausentes.

Exames laboratoriais

Na segunda fase, após jejum, foram realizados exames capilares através do uso de tecnologia point-of-care (Roche Diagnostics, Accu-Check) para análise de glicemia capilar, colesterol total e triglicérides.

Análise estatística

As estimativas de prevalências foram calculadas com base em modelo de amostra complexa. A cada indivíduo foi designado um peso, de acordo com o sexo, cidade e região aos quais pertenciam. A associação entre DAOP e cada variável foi determinada pelo teste Qui-Quadrado (X2) de Pearson, corrigido pelo plano amostral complexo. P < 0,05 foram considerados indicadores de associação significativa entre DAOP e a variável. A comparação das médias das variáveis contínuas foi realizada através dos intervalos de confiança (IC), com base no plano amostral complexo. Na ausência de sobreposição entre os IC, considerou-se que havia diferença significativa.

Construiu-se um modelo de regressão logística multivariável de acordo com a metodologia de Hosmer e Lemeshow13. Inicialmente realizaram-se análises univariáveis para obtenção dos Odds Ratios (OR) brutos. A seguir, iniciou-se a análise multivariável incluindo-se as variáveis listadas (sexo, tabagismo, hipertensão, diabetes, idade, obesidade, colesterol e triglicérides) como possíveis preditoras de DAOP e variáveis sócio-demográficas, que poderiam impactar os fenômenos relacionados à saúde, tais como, renda familiar e escolaridade. As variáveis sexo, tabagismo, hipertensão, diabetes, idade e obesidade, foram categorizadas como 0 (ausente) ou 1 (presente) e as variáveis colesterol e triglicérides foram incluídas como variáveis contínuas. Consideramos hipertenso indivíduos sabidamente hipertensos, em uso de medicação anti-hipertensiva ou com pressão arterial no dia da visita acima de 140 x 90 mmHg; diabéticos, indivíduos sabidamente diabéticos, em uso de medicação hipoglicemiante ou com glicemia capilar acima de 126 mg/dL no dia da visita e hipercolesterolêmicos, indivíduos em uso de hipolipemiantes ou com colesterol total acima de 200 mg/dL no dia da visita.

Nessa etapa, foram incluídas no modelo variáveis que apresentaram p < 0,25. Devido a multicolinearidade entre renda e escolaridade, manteve-se apenas a variável escolaridade categorizada como: 0 (analfabeto), 1 (primeiro grau completo ou incompleto) e 2 (segundo grau ou nível superior). Os dados foram analisados com os programas Stata (Release 9) e SPSS 13.0 for Windows (Statistical Package for Social Sciences), módulo Complex Samples.

No terceiro momento, foram incluídas as possíveis interações com significado biológico e/ou evidências de importância nas análises das tabelas cruzadas, considerando-se p (entrada) < 0,25. No modelo final, permaneceram as variáveis significativas a 5% ou aquelas que, mesmo não significativas, eram variáveis de confundimento. Concluiu-se o processo de modelagem, após os testes de colinearidade e confundimento entre os fatores de risco a cada passo. O modelo estatístico de ajuste foi representado pela equação:

onde βi (i = 0,1,...,8) são os coeficientes dos termos do modelo, x1 = diabetes, x2 = sexo, x3 = doença isquêmica do coração (DIC), x4 = hipertensão, x5 = educação superior. Os OR das variáveis não presentes nas interações foram obtidos pela exponenciação dos coeficientes β. Quando há interação entre um fator e outra variável, a estimativa do OR para o fator depende do valor da variável que está interagindo com ele.

Nesta situação, devido a impossibilidade de se estimar o OR pela simples exponenciação do coeficiente β, utilizou-se as diferenças entre logits, definidas em função do modelo. Como os pacotes estatísticos não possuem rotina para calcular OR e IC para interações, eles foram calculados manualmente pela equipe com base na metodologia de Archer e Lemeshow14. O modelo final contém as interações Diabetes versus Sexo, DIC versus Sexo e Hipertensão versus Educação superior. O ajustamento do modelo foi verificado pelo teste de Hosmer e Lemeshow, com o software Stata, utilizando um procedimento próprio (Archer, K.J. & Lemeshow S., 2006) desenvolvido para o referido teste em amostras complexas. Com esse procedimento foi obtido o valor: F-adjusted = 0,266 e p = 0,98.

Resultados

De um total de 1.170 indivíduos, 11 foram excluídos devido a ITB > 1,40 (0,85%), resultando em amostra final de 1.159. Houve predomínio de adultos jovens (53,6% com idade até 45 anos, 30,8% entre 45 e 59 anos e 15,6% com > 60 anos) e a média de idade foi de 43,82 ± 14,68 anos (IC 95%: 43,02 – 44,64), mulheres (53,3%) e raça branca (Branca: 56,9%, Preta: 9,2%, Parda: 31,8%, Indígena: 0,9% e outros: 1,3%). A maioria tinha o 1º grau completo (Analfabetos: 2,4%, 1º grau incompleto: 9,6%, 1º grau completo: 45,0%, 2º grau completo: 32,9% e Curso superior completo: 10,0%) e renda familiar de até 5 salários mínimos (SM) (< 1 SM: 8,9%, de 1 a 5 SM: 54,3%, de 5 a 10 SM: 22,6% e > 10 SM: 14,2%). A Figura 1 mostra a distribuição dos participantes em relação às regiões brasileiras.


A prevalência de DAOP foi de 10,5% (n=134), distribuída da seguinte forma nas Regiões brasileiras: Norte/centro-oeste=17,8% (n=22/119), Sul=12,0% (24/199), Sudeste=11,7% (76/592), Nordeste=4,6% (12/173). Não houve diferença significativa na prevalência entre as regiões (p=0,35).

Análise univariada

As comparações entre os grupos com e sem DAOP em relação às características sócio-demográficas, aos hábitos de vida, às condições clínicas coexistentes, ao uso de medicamentos, à presença de sintomas, exame dos pulsos e exames laboratoriais estão apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3, e 4 , respectivamente.

Regressão logística multivariável

Para analisar a interação DIC versus Sexo foram estimados os OR de DIC dentro de cada sexo (Tabela 5). O valor do OR para DIC presente, para o sexo masculino foi de 1,21 (0,44; 3,31), não significativo, enquanto para o sexo feminino foi de 4,92 (2,52; 9,59), altamente significativo, evidenciando a interação. A análise da interação Diabetes versus Sexo mostra que o efeito de diabetes em indivíduos do sexo masculino foi altamente significativo, OR = 6,65 (2,6; 17,01). Para o sexo feminino esse risco não foi significativo, OR = 1,19 (0,55; 2,57) (Gráfico 1).


A performance discriminatória do modelo foi validada pelo índice-C que corresponde à área sob a curva ROC (Receiver Operation Curve). Foi obtida a área = 0,621 IC95% (0,568; 0,675).

Discussão

O Projeto Corações do Brasil é um estudo epidemiológico sobre a prevalência dos fatores de risco cardiovascular em amostra populacional aleatória, proveniente de 72 centros urbanos brasileiros. Foi avaliada uma amostragem populacional com idade > 18 anos, residente em cidades com mais de cem mil habitantes. Esse projeto foi o pioneiro no Brasil ao avaliar de forma objetiva a prevalência de DAOP, tanto sintomática quanto assintomática, por meio da mensuração do ITB e do questionário de claudicação de Edimburgo12.

A prevalência de DAOP foi de 10,5%, inferindo-se aproximadamente 6 milhões de indivíduos, levando-se em conta que, no Brasil, existem 57 milhões de habitantes com as características da população avaliada neste estudo (dados obtidos através do IBGE).

A média de idade foi mais elevada nos portadores de DAOP em comparação aos indivíduos sem a doença (49,02 anos x 44,23 anos, p=0,049). Houve tendência de associação entre DAOP e faixa etária (p=0,08), com prevalência crescente da doença à medida que a faixa etária aumentava. O pequeno número de indivíduos na faixa etária acima de 60 anos, - uma vez que o estudo não foi desenhado especificamente para avaliar a prevalência de DAOP, mas para avaliar os diversos fatores de risco e ser representativo da população brasileira - e a ampla margem de faixas etárias deste estudo (43,82 ± 14,68), podem ter reduzido o poder da amostra em detectar tal associação no valor de p < 0,05.

Entretanto, o valor de p obtido indica consistente tendência de que a associação entre DAOP e faixa etária tenha realmente existido. Estudos que avaliaram especificamente idosos (> 65 anos), relataram prevalência entre 7% e 36%9,15-18, enquanto que em populações mais jovens como a do presente estudo, a prevalência variou de 3% a 16%19-24. Nas populações de alto risco cardiovascular, ela variou entre 29% e 40,5%25,26.

No presente estudo, houve maior prevalência de DAOP entre as mulheres à semelhança de outros estudos publicados9,20,21,27, embora freqüentemente se relate maior prevalência entre os homens16,17,22,23. No estudo GetABI, nas faixas etárias mais jovens (65-74 anos), a prevalência foi maior entre homens e, nas faixas etárias mais avançadas (> 75 anos), maior entre as mulheres16.

Observou-se tendência a maior prevalência de DAOP entre aqueles que não praticavam atividade física (p=0,08). O sedentarismo pode ser visto tanto como fator de risco para o desenvolvimento da DAOP, quanto como reflexo do comprometimento funcional dos membros inferiores provocado pela doença28. A prevalência de DAOP foi o dobro entre os indivíduos que fumaram > 20 anos/maço em relação aos que fumaram menor quantidade de cigarros. Dado semelhante foi relatado no Estudo GetABI (34,5% e 19,5% entre os que fumaram mais de 20 anos/maço e menos de 20 anos/maço respectivamente)16. Não houve associação entre consumo de álcool e DAOP. No Estudo de Rotterdam, observou-se associação inversa entre o consumo de álcool e DAOP, apenas em indivíduos não fumantes29.

Os portadores de DAOP apresentaram o triplo da prevalência de AVC e o dobro da prevalência de DIC, manifesta por angina pectoris e/ou infarto do miocárdio, em comparação com o grupo sem DAOP. A coexistência de DAOP e lesões ateroscleróticas em outros leitos vasculares tem sido relatada, especialmente entre os idosos. Em um desses estudos, na presença de DAOP, a prevalência de DIC foi de 68% e de AVC, 42%30.

Houve tendência a maior prevalência de hipertensão arterial, IRC dialítica e insuficiência cardíaca no grupo com DAOP. Vários estudos já relataram tais associações. No Estudo SHEP (Systolic Hypertension in the Elderly Program), a prevalência de DAOP entre hipertensos foi de 27%31. Entre portadores de IRC avançada, a prevalência da doença variou de 17 a 48%32 e no Cardiovascular Health Study, a presença de DAOP foi preditora independente da ocorrência de insuficiência cardíaca (RR = 1,61)33.

Em relação à dislipidemia, não houve associação entre DAOP e dislipidemia referida, nem foi observada diferença significativa nos níveis médios de colesterol e triglicérides entre os grupos. O uso de hipolipemiantes foi similar nos grupos com e sem DAOP e não deve ter contribuído para a falta de associação entre as variáveis. No Estudo GetABI, a força de associação entre parâmetros lipídicos e DAOP foi considerada limitada, em comparação aos demais fatores de risco cardiovasculares34. Chama a atenção que embora 24,6% dos portadores de DAOP referissem dislipidemia, apenas 4,5% estava em uso de hipolipemiantes.

A prevalência de diabete, entre portadores de DAOP, foi 2,7 vezes maior em comparação ao grupo sem DAOP. Os níveis de glicemia foram discretamente mais elevados no grupo com DAOP, porém sem significância estatística. A diabete é um importante fator de risco para o desenvolvimento de DAOP. Estudos que utilizaram o ITB para rastrear DAOP entre diabéticos demonstram prevalência da doença entre 20 e 29%26,35.

A obesidade foi avaliada neste estudo com base nas medidas do índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal (CA) e relação cintura-quadril (RCQ). Tanto o IMC > 30 quanto a RCQ aumentada estiveram associados à DAOP, sendo a associação entre RCQ e DAOP mais expressiva entre as mulheres. Não houve associação entre a medida da CA e DAOP. Alguns estudos mostraram associação de DAOP com obesidade abdominal mas não com o IMC, enquanto outros mostraram associação de DAOP com obesidade total e abdominal apenas entre as mulheres36,37.

A prevalência de claudicação intermitente foi de 7%. Na literatura, a prevalência varia de 0,4 a 14%, na dependência da idade, sexo, perfil de risco e método diagnóstico utilizado2. Dentre os portadores de DAOP a prevalência de claudicação foi de apenas 9% e sua presença não esteve associada à DAOP. Em um estudo que avaliou diferentes grupos étnicos, a prevalência de claudicação foi de 7,5%38. Como a maioria dos portadores de DAOP é assintomática ou apresenta sintomas inespecíficos, os questionários de claudicação, úteis para identificar pacientes sintomáticos, não servem para rastreamento da DAOP, o que reforça o papel da medida do ITB na avaliação de populações de risco para ocorrência da doença.

É importante ressaltar a associação entre a presença de dor ou desconforto na (s) perna(s) durante a caminhada e DAOP, mesmo quando os critérios para claudicação não foram preenchidos, já que tal queixa foi relatada por mais da metade dos portadores de DAOP, o que sugere que sua presença deve ser valorizada na avaliação clínica desses pacientes. Tal achado já havia sido descrito por nosso grupo, em idosos participantes do estudo Epidoso9.

A ausência dos pulsos dos tornozelos à palpação, especialmente dos tibiais posteriores, esteve associada à DAOP. As anormalidades dos pulsos tibiais posteriores são mais sensíveis e específicas para a presença de DAOP do que as anormalidades dos pediosos, já que cerca de 10% da população saudável não apresenta esses pulsos palpáveis39.

Ao se analisar a interação entre gênero e as condições clínicas coexistentes, observou-se que as mulheres com DIC incluídas no estudo Corações do Brasil apresentaram risco cerca de 5 vezes maior de ter DAOP do que aquelas sem DIC, enquanto que nos homens diabéticos o risco de apresentar DAOP foi 6,6 vezes em comparação aos não diabéticos. Uma possível explicação, no caso das mulheres, seria a tendência de desenvolver doença cardiovascular mais tardiamente, devido ao fator de proteção hormonal. A pós-menopausa poderia elevar a chance de manifestações de acometimento vascular em mais de um território. Por outro lado, sexo masculino e diabetes são dois fatores que têm estado associados à manifestação de DAOP em faixas etárias mais jovens16.

Implicações clínicas

Os dados do Projeto Corações do Brasil lançam um alerta para a comunidade médica brasileira sobre a necessidade do rastreamento da DAOP na prática clínica. Esse alerta se baseia não apenas na elevada prevalência de DAOP encontrada no estudo mas, principalmente, no expressivo contingente de portadores assintomáticos (91%) que, detectados precocemente, poderiam se beneficiar das medidas preventivas para redução do risco de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte cardiovascular. A simples adoção da medida do ITB, como parte da avaliação de pacientes de moderado e alto risco cardiovascular, implicaria em substancial impacto sobre a detecção precoce dos portadores assintomáticos da doença.

Limitações

Esse estudo não foi desenhado com o intuito de estimar a prevalência de DAOP ao nível de cidades, já que em algumas delas a amostra foi constituída de apenas 15 indivíduos, mas sim ao nível de regiões. Sua principal limitação é não ter tido poder amostral suficiente para ser representativo da população brasileira como um todo. Seu poder é suficiente para representar a população brasileira de centros urbanos com mais de cem mil habitantes, estimada em 57 milhões. Uma limitação de caráter secundário foi a exclusão de cidades como Marília, Petrópolis e Santa Maria da análise da variável tempo médio de duração das atividades físicas, pelo delineamento amostral, com base no número insuficiente de indivíduos válidos na amostra.

Agradecimentos

À Diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) – Biênio 2004/2005, na pessoa de seu Presidente Dr. Antônio Felipe Simão. Aos Médicos sócios da SBC, enfermeiras, estudantes de medicina e enfermagem, técnicos de enfermagem e técnicos de laboratório que participaram voluntariamente da 2ª. Etapa do estudo. Aos patrocinadores, capacitadores, investigadores e coordenadores de campo do Projeto Corações do Brasil, listados no apêndiceapêndice disponível em: http://www.arquivosonline.com.br/2008/

Aos estatísticos Elsa Cristina de Mundstock, MSc, Jandyra Maria Guimarães Fachel, PhD, e Vinicius Nunes Machado, Bacharel em Estatística.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.

Fontes de Financiamento

Este estudo foi realizado com dados obtidos no Projeto Corações do Brasil, sendo que o Fator de Risco Doença Arterial Periférica contou com patrocínio institucional da Empresa Libbs Farmacêutica.

O Projeto Corações do Brasil também contou com os patrocínios institucionais das seguintes Empresas: AstraZeneca, Biosintética, Biolab, Novartis, Sanofi-Aventis, Omron, Roche Diagnósticos, Centrais Elétricas Furnas, Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)

Vinculação Acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Artigo recebido em 30/06/08; revisado recebido em 06/08/08; aceito em 15/08/08.

Este estudo foi realizado com dados obtidos no Projeto Corações do Brasil, sendo que o Fator de Risco Doença Arterial Periférica contou com patrocínio institucional da Empresa Libbs Farmacêutica.

O Projeto Corações do Brasil também contou com os patrocínios institucionais das seguintes Empresas: AstraZeneca, Biosintética, Biolab, Novartis, Sanofi-Aventis, Omron, Roche Diagnósticos, Centrais Elétricas Furnas, Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)

Capacitadores:

1) Dra. Elizabete Viana de Freitas (Presidente do Depto. de Cardiogeriatria / SBC);

2) Dr. Alexandre da Costa Pereira (Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo- InCor-USP);

3) Dra. Alexandra Alberta dos Santos (Unifesp);

4) Dr. Anderson Rodrigues de Oliveira (Universidade Federal de São Paulo – Unifesp);

5) Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas (Presidente da SBC);

6) Dr. Álvaro Avezum Junior (Presidente Passado - SBC/FUNCOR);

7) Dra. Maria Elizabeth Navegantes Caetano Costa (Pres. do Depto. de Cardiopatia e Gravidez / SBC);

8) Dr. David de Pádua Brasil (Faculdade de Ciências Médicas de MG);

9) Dr. Eduardo Papa (Unifesp);

10) Dr. Fábio Rocha Farias (Unifesp);

11) Dr. Fábio Zanerato (Unifesp);

12) Dr. Andrei Carvalho Sposito (Presidente do Depto de Aterosclerose/SBC);

13) Dr. George Luiz Lins Machado Coelho (Universidade Federal de Ouro Preto);

14) Dr. Jairo Lins Borges (Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese);

15) Dr. José Carlos Simões (Unifesp);

16) Dr. José Eduardo Krieger (InCor-USP);

17) Dr. Jorge Ilha Guimarães (Presidente Futuro da SBC)

18) Dra. Lucélia Magalhães (Universidade Federal da Bahia);

19) Dr. Manes Erlichman (Unifesp);

20) Dra. Marcia Makdisse (Hospital Israelita Albert Einstein/Unifesp);

21) Dr. Ari Timerman (Presidente da SOCESP).

Investigadores e coordenadores de campo

1) Alagoas - Maceió: Investigador(a): Dr. Marco Antônio Mota Gomes, Coordenador(a) de Campo: Marilúcia Mota de Moraes;

2) Amazonas - Manaus: Investigador(a): Dra. Maria Christina Cavalcanti Ballut, Coordenador(a) de Campo: Anderson da Silva Terrazas;

3) Bahia - Feira de Santana: Investigador(a): Dra. Idália Vieira Azevedo Silva, Coordenador(a) de Campo: Leonor da Silva Bastos;

Salvador - Investigador(a): Dr. Mário de Seixas Rocha, Coordenador(a) de Campo: Maria Tereza Esteves Brito Costa;

4) Ceará - Fortaleza: Investigador(a): Dr. José Maria Bonfim de Morais, Coordenador(a) de Campo: Sandra Solange Leite Campos;

5) Distrito Federal - Brasília e Taguatinga: Investigador(a): Dr. Geniberto Paiva Campos, Coordenadores de Campo: Romero Bezerra Barbosa e Rosa Nancy Urribari Runzer Sallenave;

6) Espírito Santo - Vila Velha: Investigador(a): Dr. Antônio Carlos Avanza Júnior, Coordenador(a) de Campo: Fernanda Almeida Tarden;

Vitória: Investigador(a): Dr. Antônio Carlos Avanza Júnior, Coordenador(a) de Campo: Fernanda Motta Del Caro;

7) Goiás - Anápolis: Investigador(a): Dr. Ricardo Nogueira de Paiva, Coordenador(a) de Campo: Rosana Mendes Bezerra;

Goiânia: Investigador(a): Dr. Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, Coordenador(a) de Campo: Priscila Valverde de Oliveira Vitorino;

Uruaçu: Investigador(a): Dr. Oswaldo Barroso de Souza Filho;

8) Maranhão - São Luis: Investigador(a): Dr. José Benedito Buhatem, Coordenador(a) de Campo: Rachel Jorge Dino Cosseti;

9) Mato Grosso - Cuiabá: Investigador(a): Dra. Marta de Medeiros Neder, Coordenador(a) de Campo: Luzia Helena Franco Carvalho Moya;

10) Mato Grosso Do Sul - Campo Grande: Investigador(a): Dr. Ricardo Ayache, Coordenador(a) de Campo: Rose Mary Uehara;

11) Minas Gerais - Alfenas: Investigador(a): Dr. Giovanni Guarda Garcia, Coordenador(a) de Campo: Lucas Bellusci Paolucci Amorim;

Barbacena: Investigador(a): Dr. José Gabriel Guimarães, Coordenador(a) de Campo: Edivaldo José de Souza;

Belo Horizonte: Investigador(a): Dr. Raimundo M. do Nascimento Neto, Coordenadores de Campo: Bernardo Luiz Fornaciari Ramos, Eduardo Viana Lobato, Guilherme Cardoso Parreiras e Tiago Damázio Godoy de Abreu;

Divinópolis: Investigador(a): Dr. Otaviano José Greco Rodrigues, Coordenador(a) de Campo: Maria Inês Ribeiro Leão;

Governador Valadares: Investigador(a): Dr. Guilherme Gustavo do Valle, Coordenador(a) de Campo: Eliene Nascimento Boneares;

Ipatinga: Investigador(a): Dr. Hamilton José Gonçalves, Coordenador(a) de Campo: Gilda Grécia Gonçalves;

Juiz de Fora: Investigador(a): Dr. Wilson Coelho Pereira Filho, Coordenador(a) de Campo: Marcos Cardoso Benhami; Montes Claros: Investigador(a): Dr. Evânio Rodrigues Cordeiro, Coordenador(a) de Campo: Daniela Oliveira Lima;

Poços de Caldas: Investigador(a): Dr. José Tasca;

Pouso Alegre: Investigador(a): Dra. Nadja Sotero Natividade Mendes, Coordenador(a) de Campo: Cristiane Maciel Zambolim;

Uberaba: Investigador(a): Dr. Luiz Antônio P. R. de Resende, Coordenador(a) de Campo: Rodrigo Gimenez Pissutti Modolo;

Uberlândia: Investigador(a): Dr. Elmiro Santos Resende, Coordenador(a) de Campo: Eduardo Moreira dos Santos;

Varginha: Investigador(a): Dr. Armando Martins Pinto, Coordenador(a) de Campo: Fernanda Curry Carneiro Pinto;

12) Pará - Belém: Investigador(a): Dra. Sonia Conde Cristino, Coordenador(a) de Campo: Rosa Helena Ribeiro Castro;

13) Paraíba - Campina Grande: Investigador(a): Dr. Miguel Pereira Ribeiro, Coordenador(a) de Campo: Ademilda M. G. S. Garcia de Campo;

João Pessoa: Investigador(a): Dr. João Cavalcanti A. Filho, Coordenador(a) de Campo: Jusara Gabriel Ramos da Costa;

14) Paraná - Cascavel: Investigador(a): Dr. Walter de Assumpção, Coordenador(a) de Campo: Mauricio Figueiredo Lima e Marchese;

Curitiba: Investigador(a): Dr. Dalton Bertolim Precoma, Coordenador(a) de Campo: Thaís Harén Rufino;

Foz do Iguaçú: Investigador(a): Dr. Odilon Sehn, Coordenador(a) de Campo: Vera Lúcia Gomes; Londrina: Investigador(a): Dr. Wellington Antônio Moreira da Silva, Coordenador(a) de Campo: Paulo Müller Ramos,

Maringá: Investigador(a): Dr. Mário Lins Peixoto, Coordenador(a) de Campo: Lídia Cristina Troca;

15) Pernambuco: Recife: Investigador (a): Dra. Silvana Maria Daconti; Coordenador(a) de Campo: Carlos Eduardo Lucena Montenegro;

16) Piauí: Teresina: Investigador(a): Dr. José Carlos Formiga L. de Sousa, Coordenador(a) de Campo: Lucíola Galvão Gondim Corrêa Feitosa;

17) Rio de Janeiro - Campos dos Goytacazes: Investigador(a): Dr. Jamil da Silva Soares, Coordenador(a) de Campo: Leandro Cordeiro Soares;

Niterói: Investigador(a): Dr. Antônio Alves Couto, Coordenador(a) de Campo: Annelise Cisari Constanza;

Nova Iguaçu: Investigador(a): Dra. Sônia Regina Reis Zimbaro, Coordenador(a) de Campo: Maria da Guia de Souza;

Petrópolis: Investigador(a): Nome: Dr. José Osman Gomes Aguiar, Coordenador(a) de Campo: Miguel Osman Dias Aguiar;

Rio de Janeiro: Investigador(a): Dr. Rafael Arow Abitbol, Coordenadores de Campo: Danielle Reis de Almeida e Mônica Carla dos Santos Sobreira;

São Gonçalo: Investigador(a): Dr. Adalberto Oliveira, Coordenador(a) de Campo: Cláudia Márcia Cabral Feijó Oliveira;

Volta Redonda: Investigador(a): Dr. Jair Nogueira Filho, Coordenador(a) de Campo: Tatiana Cunha de Paiva;

18) Rio Grande do Norte - Natal: Investigador(a): Dra. Maria Fátima de Azevedo, Coordenador(a) de Campo: Fábio Gerson Sá Gabriel da Silva;

19) Rio Grande do Sul - Canoas: Investigador(a): Dr. Ilmar Kohler, Coordenador(a) de Campo: Sandra Maria Borges;

Caxias do Sul: Investigador(a): Dr. Fábio Allgayer, Coordenador(a) de Campo: Marciane Andréia Maschio;

Novo Hamburgo: Investigador(a): Dr. Leandro E. Roese, Coordenador(a) de Campo: Cláudia Zuquetto;

Pelotas: Investigador(a): Dr. André Avelino Steffens, Coordenador(a) de Campo: Katiuscia Milano Rosales;

Porto Alegre: Investigador(a): Dra. Leila Beltrami Moreira, Coordenador(a) de Campo: Ricardo Flores da Costa;

Santa Maria: Investigador(a): Dr. Alexandre Antonio Naujorks, Coordenador(a) de Campo: Simone Kroll Rabelo;

20) Santa Catarina - Blumenau: Investigador(a): Dr. Siegmar Starke, Coordenador(a) de Campo: Daniela Moser Carlini;

Florianópolis: Investigador(a): Dr. Miguel de Patta, Coordenador(a) de Campo: Dulcinéia Ghizoni Schneider;

Joinville: Investigador(a): Dr. Carlos Roberto Campos, Coordenador(a) de Campo: Niucéia Lari Schor Krelling;

21) São Paulo - Araras: Investigador(a): Dr. Agnaldo Píspico, Coordenador(a) de Campo: Alexandre Franco Garcia;

Bauru: Investigador(a): Dr. André Saab, Coordenador(a) de Campo: Fabiana Cristina do Nascimento;

Campinas: Investigador(a): Dr. José Francisco Kerr Saraiva, Coordenador(a) de Campo: Larissa Lopes de Assis Balsani;

Franca: Investigador(a): Dr. Ulisses Máquez Gianecchini, Coordenador(a) de Campo: Cyntia Kallás Bachur;

Jundiaí: Investigador(a): Wagner Tadeu Ligabó; Coordenador(a) de Campo: Lourenço Texeira Ligabó; Marília: Investigador(a): Dr. Ricardo José Tofano, Coordenador(a) de Campo: Sueli Hissami Higute Ajeka;

Mogi das Cruzes: Investigador(a): Dr. Marcos Sleiman Molina,

Piracicaba: Investigador(a): Dra. Celise Alessandra Sobral Denardi, Coordenador(a) de Campo: Maria Ângela Adâmoli M. Rossetto;

Presidente Prudente: Investigador(a): Dr. Luiz Carlos Pontes, Coordenador(a) de Campo: Silvana Maria Furlanetto Tiezzi Pontes;

Ribeirão Preto: Investigador(a): Dr. Décio de Lima Pinho, Coordenador(a) de Campo: Eugênia Veludo Veiga;

Santo André / São Bernardo / São Caetano: Investigador(a): Dra. Carla Janice Lantieri Merten, Coordenador(a) de Campo: Marisa Beraldo;

Santos: Investigador(a): Dr. Hermes Tóros Xavier; Coordenador(a) de Campo: Lucas Pedroso Fernandes Ferreira Leal;

São José do Rio Preto: Investigador(a): Dr. José Carlos Aidar Ayoub, Coordenador(a) de Campo: Camila Vigano Zanoti;

São José dos Campos: Investigador(a): Dr. Carlos Costa Magalhães, Coordenador(a) de Campo: Maria Cecília M. Pires Hirga;

São Paulo: Investigador(a): Dr. Carlos Alberto Machado, Coordenadores de Campo: Eliete Morishige Yokoya, Maria Cecília Guimarães M. Arruda;

Sorocaba: Investigador(a): Dr. João Nóbrega de Almeida Filho, Coordenador(a) de Campo: Cláudia Cristina Pereira Rabello;

22) Sergipe - Aracaju: Investigador(a): Dra. Geodete Batista Costa, Coordenador(a) de Campo: Thiago Augusto Silva Nascimento.

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apêndice

  • Correspondência:

    Marcia Makdisse
    Rua Dr. Franco da Rocha 205 / 51, Perdizes
    05015-040 - São Paulo, SP, Brasil.
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      05 Jan 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2008

    Histórico

    • Aceito
      15 Ago 2008
    • Revisado
      06 Ago 2008
    • Recebido
      30 Jun 2008
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